MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO • 17 de setembro de 2024
Fonte da Notícia: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
Data da Publicação original: 16/09/2024
Publicado Originalmente em: https://www.gov.br/mec/pt-br/assuntos/noticias/2024/setembro/unifal-lidera-criacao-de-ia-que-preve-acao-de-medicamentos
A Universidade Federal de Alfenas (Unifal-MG), instituição vinculada ao Ministério da Educação (MEC), está liderando um grupo internacional de cientistas no desenvolvimento de um programa de inteligência artificial (IA) que prevê a ação de medicamentos no organismo de pacientes com patologias. Os fármacos ainda estão sendo desenvolvidos. A Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), também vinculada à Pasta, integra o estudo. A ferramenta se chama Sandres e já está disponível na internet.
A partir do uso de técnicas de aprendizado de máquina, a tecnologia analisa a interação do fármaco com proteínas relacionadas a determinadas doenças. O projeto é coordenado por Walter de Azevedo Jr. e Nelson da Silveira, pesquisadores do Instituto de Ciências Exatas (Icex) da Unifal-MG. Seis países e diversas instituições de pesquisa estão envolvidos na iniciativa, que recebe apoio financeiro de agências de fomento — como a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), do MEC — e de outros países, como os Estados Unidos, a Rússia e a Argentina.
Azevedo Jr. explicou que a análise guiada por IA indica o potencial farmacológico dos medicamentos sem necessitar, inicialmente, de testes em seres humanos. “O principal benefício é a capacidade de integrar uma ferramenta moderna e atual no processo de busca de novos fármacos”, destacou. “Não é nosso objetivo buscar novos fármacos, mas a nossa ferramenta foi construída e validada para que grupos de pesquisa interdisciplinares a usem para esse propósito.”
Qualquer pesquisador da área de IA ou de descoberta de fármacos está habilitado a usar o programa, desde que tenha proficiência em inglês. “Acabamos de assinar um contrato com a editora Springer Nature para o lançamento de um livro-texto em inglês no ano de 2025 focado na explicação da nossa ferramenta”, anunciou. A publicação contará com explicações do grupo de pesquisa sobre todas as funcionalidades do programa e como usá-lo.
A ferramenta é de acesso aberto, o que amplia a facilidade de uso e o livre acesso ao código. “O fato de termos o código de acesso aberto facilita o engajamento de uma equipe multidisciplinar e internacional no aprimoramento do programa”, Azevedo Jr. explicou. O projeto é resultado de três décadas de pesquisas, que culminaram na geração de dados e no desenvolvimento do código.
O pesquisador contou que, inicialmente, o grupo estava focado em gerar dados biológicos, mas “agora, com a grande disponibilidade de dados biológicos e farmacológicos, o programa de IA tem o material necessário para ‘aprender’ e gerar modelos de predição confiáveis”.
Interdisciplinaridade – Azevedo Jr. chamou a atenção também para a interdisciplinaridade do projeto e a participação de estudantes de graduação e pós-graduação na pesquisa. “O programa de IA está sendo usado em disciplinas da graduação e da pós-graduação da Unifal-MG, numa abordagem de educar pela ciência, em que os estudantes são trazidos para o ambiente de produção de conhecimento científico desde a graduação, integrando os conteúdos acadêmicos das disciplinas com pesquisa científica de ponta, interdisciplinar e de impacto”, ressaltou.
Estudo internacional – Além da Unifal-MG e da UFCSPA, participam do estudo a Universidade de São Paulo (USP); a Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS); a Universidad Nacional de Córdoba, da Argentina; a Western Michigan University, dos Estados Unidos; a Università di Palermo, da Itália; o Institute of Biomedical Chemistry, da Rússia; e a Université de Reims Champagne-Ardenne, da França.
Parte dos pesquisadores estrangeiros participaram como professores convidados da disciplina de Aprendizado de Máquina, ministrada no primeiro semestre de 2024 na Unifal-MG. Segundo Azevedo Jr., “essa pesquisa é um bom exemplo de internacionalização e integração dos nossos estudantes num ambiente multinacional de desenvolvimento do conhecimento científico”.