O GLOBO • 15 de março de 2023
Fonte da Notícia: O GLOBO
Data da Publicação original: 14/03/2023
Publicado Originalmente em: https://oglobo.globo.com/brasil/educacao/noticia/2023/03/brasil-e-o-pais-com-mais-cursos-de-veterinaria-do-mundo-e-novas-vagas-sao-abertas-sem-condicoes-minimas-diz-conselho-profissional.ghtml
O Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) protocolou nesta terça-feira um pedido na Justiça para suspensão de novos cursos e vagas na área por, no mínimo, 5 anos ou até que seja possível verificar a qualidade dos cursos existentes e reformular os marcos regulatórios em termos compatíveis com a garantia de qualidade do ensino superior. Segundo o grupo, o país tem excedentes de cursos e novas vagas são abertas sem condições mínimas.
Estudo feito pela Comissão Nacional de Educação da Medicina Veterinária do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CNEMV/CFMV) afirma que nenhum dos 40 Projetos Pedagógicos de Cursos (PPCs) de graduação de Medicina Veterinária aprovados pelo MEC entre 2018 e 2021 possui condições mínimas de funcionamento.
Ainda de acordo com o conselho, mesmo após o olhar técnico da comissão e os pareceres insatisfatórios, os projetos foram aprovados pela Secretaria de Regulação e Supervisão da Educação Superior (Seres/MEC) e os cursos encontram-se ativos ou em vias de serem autorizados.
Atualmente, segundo o CFMV, o Brasil possui 536 escolas com autorização de funcionamento, 22 no modelo Ensino a Distância (EaD). No restante do mundo, no entanto, há apenas 320 cursos superiores na área. Para se ter uma ideia, os Estados Unidos possuem 32 escolas de Medicina Veterinária, enquanto a Europa inteira reúne 95 e a China, 22.
O crescimento vertiginoso fica ainda mais exposto quando, pelo próprio e-Mec é possível conferir que no Brasil, em 1980, havia 32 cursos de Medicina Veterinária. Em 2015, eles eram cerca de 200.
Os dados foram obtidos por meio do Sistema de Regulação do Ensino Superior (e-MEC), a partir de um termo de colaboração firmado entre o conselho e o próprio ministério.
De acordo com a comissão que fez o estudo, os 40 cursos analisados são majoritariamente focados em clínica e cirurgia de pequenos animais, “basicamente formando médicos-veterinários de pets, sem densidade em outros conteúdos obrigatórios, como saúde pública, bem-estar, Medicina Veterinária Legal, animais de produção e animais silvestres”, diz o estudo.
— Estão colocando no mundo do trabalho jovens que, em sua maioria, não estão sendo formados adequadamente para lidar com vidas animais e humanas, considerando a importância da atuação médico-veterinária nas diversas áreas que impactam diretamente o bem-estar dos seres e do ambiente — afirma a professora Maria José de Sena, presidente da CNEMV e ex-reitora da Universidade Federal de Pernambuco.
Veja os pontos levantados pelo estudo: