REVISTA ENSINO SUPERIOR • 23 de fevereiro de 2022
Fonte da Notícia: REVISTA ENSINO SUPERIOR
Data da Publicação original: 22/02/2022
Publicado Originalmente em: https://revistaensinosuperior.com.br/cnpem-comeca-a-formar-nova-geracao-de-cientistas-do-pais/
Sem fins lucrativos, curso de tempo integral com moradia e alimentação inclusa. É com essa proposta que surge a Ilum, escola superior de ciência, em Campinas-SP, mantida pelo CNPEM (Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais), que por sua vez é administrado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). Este imenso hub de pesquisa, que abriga diversos laboratórios à disposição de toda a comunidade científica, agora também será um celeiro para os futuros novos cientistas do país.
Com 40 vagas, a concorrência foi de 25 candidatos para cada uma. A única cota de reserva de vagas estabelecida por enquanto é de ter ao menos 50% dos alunos vindos de escola pública. Acabaram sendo 72% dos candidatos e 45% mulheres. A seleção seguiu critérios diferentes do vestibular comum, considerando a nota do Enem, manifestação de interesse no estudo de ciência e entrevistas individuais. O processo está agora nesta última etapa para formar a primeira turma que fará o curso em período integral com imersão nos laboratórios do CNPEM desde o primeiro dia, contando com alimentação e moradia.
Para a iniciativa o MCTI liberou, para o período de 2018 a 2021, algo na ordem de R$30 milhões, segundo o professor Adalberto Fazzio, diretor da Ilum. O aporte chama a atenção ao observar a chamada “fuga de cérebros”, uma espécie de diáspora de pesquisadores que se intensificou no Brasil dos últimos anos, dada a falta de investimentos no setor. O fenômeno tem sido amplamente discutido, mas não conta com estatísticas oficiais.
A Ilum terá um único curso de bacharel em ciências, com duração de três anos em período integral, uma vez que o objetivo é dar celeridade na formação de novos pesquisadores e cientistas. De caráter multidisciplinar, o curso teve aprovação máxima do MEC e possui foco em ciência de dados, inteligência artificial (IA) e marchine learning com formação básica em matemática, mas entrelaçando conceitos da física, química e biologia, propiciando que o futuro cientista transite facilmente por essas áreas e já saia preparado para seguir direto em pesquisa e doutorado, sem que antes precise passar por uma pós ou mestrado. Além disso, ele terá outras opções de carreira como criar sua própria startup de ciência e tecnologia, trabalhar em laboratórios e outras, como explica o diretor.
“Sem ciência não tem país desenvolvido”
“Diferente das outras instituições ligadas ao MCTI, que oferecem cursos de pós-graduação, nós pensamos em atuar um pouco mais na raiz. Então queremos dar aos jovens saindo do ensino médio, uma formação rápida, mais ligada ao momento e pensando no futuro, que são temas interdisciplinares”, conta. A sede da Ilum, assim como as kitnets alugadas para os estudantes morarem, ficam a 150 metros da PUC-Campinas, enquanto eles se preparam para estruturar o campus dentro do CNPEM com o qual terão contato todos os dias, mesmo nas condições atuais de deslocamento.
Diferente dos dados evidenciados no último Censo do Ensino Superior do Inep, que mostram que na rede pública os corpo docente tem maioria de doutores, ao passo que nas instituições privadas são mestres, todos os professores da Ilum são pós-doutores com currículos que passam pela Universidade de Delaware e Califórnia, nos EUA, Singapura e até uma indicação a um prêmio Nobel. Todos os critérios da instituição visam a rápida formação de novos cientistas, com a melhor estrutura e qualidade possíveis, visando corrigir a defasagem que começa a ser sentida na área agora.
“Sem ciência não tem país desenvolvido. Se alguém me der um exemplo do contrário, eu paro de fazer ciência. Precisamos acreditar na ciência o que não significa que eu não possa gostar também de artes ou praticar uma religião; cada coisa em seu lugar e nós não abrimos mão disso aqui”, conclui o Fazzio.