G1 • 31 de janeiro de 2022
Fonte da Notícia: G1
Data da Publicação original: 31/01/2022
Publicado Originalmente em: https://g1.globo.com/df/distrito-federal/noticia/2022/01/31/professores-da-unb-publicam-nota-e-defendem-exigencia-de-comprovante-de-vacinacao-contra-covid-19.ghtml
Professores da Universidade de Brasília (UnB) publicaram uma nota defendendo a vacinação contra Covid-19 e a exigência do comprovante de imunização em todos os prédios da universidade. O texto, publicado neste domingo (30), aponta os imunizantes como essenciais na contenção do número de vítimas da doença (veja íntegra ao fim da reportagem).
A nota foi divulgada dois dias após a coordenadora da Faculdade de Medicina da UnB, Selma Kuckelhaus, deixar o cargo por se opor ao chamado "passaporte de vacina". Ela tomou a decisão depois que a instituição anunciou a exigência da medida. Em nota, a professora disse que faz parte do grupo de servidores não imunizados e que ficou em "desacordo com a gestão" (veja mais abaixo).
No texto divulgado no domingo, 12 profissionais de áreas como medicina, biologia, física, geociências, psicologia, ciências da saúde, agronomia e medicina veterinária, defendem a imunização. Eles dizem que o objetivo é explicar alguns pontos que "ainda são mal compreendidos por parte da população".
O documento reforça que informações equivocadas sobre as vacinas podem ter consequências negativas, induzindo pessoas a evitá-las.
"Com a presente nota procuramos esclarecer algumas dessas questões, muitas vezes abordadas de forma equivocada, e reforçar a forma correta de abordar interesses da sociedade como um todo, a saber, utilizando o melhor conhecimento científico disponível", diz.
Na nota, os professores consideram o contexto atual da pandemia e recomendam que a vacinação de adultos e crianças seja "fortemente estimulada". De acordo com o texto, a entrada em locais públicos como escolas, universidades eventos com aglomeração, bares e restaurantes, deve ser permitida apenas a pessoas totalmente imunizadas contra a Covid-19.
Desde novembro, é obrigatória a apresentação do cartão de vacina para entrada em eventos como shows e competições esportivas no DF. O professores também parabenizam o Conselho de Administração da UnB por exigir a vacinação completa em todos os prédios.
"Tal decisão é um elemento importante para garantir a saúde de toda a comunidade universitária, e é um exemplo para nosso país de como enfrentar essa terrível pandemia, que já matou um grande número de brasileiros, e ainda faz sofrer um número muito maior", diz nota.
Ao anunciar que deixaria a coordenação da Faculdade de Medicina por ser contra o "passaporte da vacina", a professora Selma Kuckelhaus disse que é "sensível ao momento pandêmico", mas alegou que a segurança e eficácia da vacinação "suscitam inúmeros questionamentos".
Especialistas e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), no entanto, descartam essa tese e asseguram que os imunizantes são seguros, testados e eficazes.
Selma afirmou que considera o passaporte obrigatório uma "incongruência", já que há pessoas que se recuperaram da Covid-19 e têm "imunidade natural". Entretanto, há casos comprovados de reinfecção pelo novo coronavírus, inclusive no Distrito Federal, e estudos mostram que pessoas que se infectaram ainda transmitem o vírus.
Em nota divulgada após a situação, a UnB afirmou que "permanece guiada pela ciência e a democracia, preservando vidas" e que docentes em cargo de coordenação de curso podem deixar a função por decisão própria. "No cumprimento de sua missão, a UnB orienta que, além da adoção dos protocolos de segurança, toda a população esteja vacinada", disse.
Confira íntegra da nota dos pesquisadores da UnB defendendo a vacinação:
A pandemia de COVID-19, causada pelo coronavírus SARS-CoV-2, que se iniciou na China no final de 2019, ainda avança pelo mundo. Com mais de 368 milhões de casos e tendo matado mais de cinco milhões e seiscentas mil pessoas [1], é certamente o maior desastre sanitário em mais de cem anos, cifras subestimadas em muito [2]. No Brasil causou até o momento mais de 626 mil mortes, com cerca de 25 milhões de casos, com o número real estimado em algumas vezes esse valor [3]. Além do isolamento social e o uso de máscaras, que se mostraram extremamente eficazes na mitigação da pandemia [4], o desenvolvimento de novas vacinas tem sido essencial para conter um número ainda maior de vítimas, com alto grau de eficácia. Mesmo com o surgimento da variante Ômicron, continuam sendo efetivas para prevenir doença grave e a morte, sobretudo após a dose de reforço [5].
Informações equivocadas sobre as vacinas contra a COVID-19 podem ter consequências negativas, induzindo pessoas a evitá-las [6]. Com a presente nota procuramos esclarecer algumas dessas questões, muitas vezes abordadas de forma equivocada, e reforçar a forma correta de abordar interesses da sociedade como um todo, a saber, utilizando o melhor conhecimento científico disponível.
Considerando o contexto atual de pandemia, recomendamos que a vacinação contra a COVID-19, de adultos e crianças seja fortemente estimulada. Que a entrada em locais públicos como Escolas, Universidades, eventos com aglomeração, bares e restaurantes, onde a transmissão é favorecida, deve ser permitida apenas a pessoas totalmente vacinadas contra a COVID-19. Assim parabenizamos a decisão do Conselho de Administração da Universidade de Brasília pela decisão, do dia 26 de Janeiro de 2022, de exigir a comprovação de vacinação completa para ter acesso a suas dependências. Tal decisão é um elemento importante para garantir a saúde de toda a comunidade universitária, e é um exemplo para nosso país de como enfrentar essa terrível pandemia, que já matou um grande número de brasileiros, e ainda faz sofrer um número muito maior.