G1 • 03 de dezembro de 2021
Fonte da Notícia: G1
Data da Publicação original: 02/12/2021
Publicado Originalmente em: https://g1.globo.com/educacao/noticia/2021/12/02/crise-na-capes-chega-a-80-o-numero-de-pesquisadores-que-pediram-renuncia-coletiva.ghtml
Outros três coordenadores e mais 25 consultores da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), agora da área de Química, renunciaram a suas funções na entidade na quarta-feira (1º), elevando para 80 o número de demissionários.
No início da semana, outros 52 pesquisadores das áreas de Matemática e Física já tinham deixado seus cargos.
Ligado ao Ministério da Educação (MEC), o órgão é responsável por avaliar os programas de pós-graduação de mestrado e doutorado do país, autorizando ou não o seu funcionamento.
Eles alegam que a atual presidência da Capes não tem se dedicado à defesa das avaliações, que estão suspensas por uma decisão judicial desde setembro.
"A falta de compromisso com a avaliação quadrienal se traduz pela demora no estabelecimento do cronograma e do regimento, bem como pela inércia na tomada de ações necessárias para a retomada do processo, paralisado por questões judiciais", diz a carta assinada pelos demissionários.
O trabalho dos coordenadores e consultores na Capes é voluntário. Eles são professores ligados a alguma instituição de ensino e que cumprem à parte funções na entidade.
Os pesquisadores também questionam o empenho da entidade em agilizar as avaliação de novos cursos na modalidade de ensino à distância. Na carta, eles afirmam que, além de terem "pouca ou nenhuma experiência em EaD", entendem que o processo só deveria ser feito após a finalização da avaliação quadrienal, que daria uma "visão da situação real da área".
Procurada, a Capes não havia se pronunciado até a última atualização desta reportagem sobre mais essa debandada.
Coordenadores demissionários da área de Química
Consultores área de Química
Em 22 de setembro, o Ministério Público Federal (MPF) conseguiu uma liminar concedida pela Justiça Federal que suspendia imediatamente a avaliação quadrienal dos programas de pós stricto sensu (mestrado e doutorado) em andamento.
O MPF argumenta que apurou ilícitos nos critérios adotados pela Capes no ranqueamento dos programas de pós no Brasil e nas normas usadas para a concessão de bolsas.
A Procuradoria pediu ainda que a Capes apresentasse, em 30 dias, a relação completa dos "critérios de avaliação", "tipos de produção/estratos" e as "notas de corte" utilizados para avaliar os cursos.
De acordo com os pesquisadores das áreas de Matemática e Física ouvidos pelo g1, a entidade não entrou com recurso no tempo hábil e se manifestou apenas cerca de dois meses após a liminar passar a valer, mantendo o processo avaliatório paralisado nesse período.
Diante desse cenário, os demissionários afirmam que as avaliações que estavam sendo feitas pelos coordenadores e consultores não serão finalizadas antes do final do mandato quadrienal atual, previsto para acabar entre o final de abril e começo de maio de 2022.