WHOW • 13 de abril de 2021
Fonte da Notícia: WHOW
Data da Publicação original: 12/04/2021
Publicado Originalmente em: https://www.whow.com.br/mentes-brilhantes/patricia-osorio/coluna-ha-muito-mais-formas-de-inovar-do-que-voce-pensa/
Como empreendedores ou investidores, estamos em uma busca constante por ideias, produtos, ou serviços inovadores. Em muitos casos, acreditamos que a inovação só vem de um grande gênio da engenharia, que cria uma nova tecnologia para entregar algo nunca antes visto. Ou de uma grande descoberta da ciência.
Essa visão estrita, a meu ver, gera dois grandes problemas muito comuns no universo de startups: founders não-técnicos desesperados atrás de um time de tecnologia antes mesmo de ter clareza de qual é realmente a proposta de valor do seu negócio e startups que não dão a devida atenção ao modelo de negócio que estão construindo e à verdadeira dor que estão resolvendo.
Mas afinal, se não é a tecnologia, o que torna uma startup inovadora e a faz se diferenciar da concorrência a ponto de conquistar um mercado e atrair investidores?
Há diversas respostas para isso e, curiosamente, a maioria delas não está relacionada a uma invenção ou descoberta tecnológica. Para ser mais exata, são dez os modelos de inovação — ao menos segundo a Doblin, empresa de pesquisa em inovação adquirida pela Deloitte, que analisou 2.000 grandes marcos da inovação em negócios da história. São eles:
Esses dez modelos se encaixam em três grandes blocos: configuração da empresa, empacotamento da oferta e experiência oferecida ao cliente.
No primeiro, que envolve os itens de 1 a 4, vemos inovações muito mais ligadas à constituição da empresa e como ela estabelece processos ou estruturas internas para gerar valor de forma diferenciada. Temos exemplos desde a Ford, que criou o modelo de linha de produção, até o McDonalds.
Já no segundo, temos as inovações que são mais diretamente ligadas ao produto/serviço oferecido. Esse é o tipo de inovação o qual normalmente temos em mente quando pensamos em inovação: uma tecnologia disruptiva gerando um produto nunca visto antes ou abrindo espaço para a criação de diversos outros a partir dele.
No último, composto pelos itens de 7 a 10, a inovação está diretamente ligada à interface da empresa com o cliente e como ele garante a entrega/prestação do serviço. Um exemplo clássico aqui é a Zappos, com seu atendimento online amigável e a promessa de devolver qualquer produto que o cliente não quisesse.
Ao olhar para os dez tipos de inovação, é possível perceber que eles envolvem todas as partes e áreas de uma empresa. Não é coincidência que isso se relaciona com as disciplinas de valor e perfis de startup, como abordei em uma coluna recente aqui no portal Whow!.
Não importa se você vende serviços, produtos, é B2B oi B2C, toda sua entrega envolve, de alguma forma, um produto (hardware), um serviço (software), uma estrutura operante (backoffice), e a sua relação com o cliente. Um empreendedor não pode e nem deve, portanto, usar o foco como desculpa para negligenciar uma dessas pontas ou apostar todas as suas fichas em um dos tipos de inovação citados acima.
Isso também é confirmado pela Doblin, que concluiu que as empresas mais sustentáveis são aquelas que começam inovando em um dos pilares, mas estabelecem uma cultura de inovação que proporciona a combinação dos diferentes tipos, gerando assim uma empresa muito mais sólida.
Como recomendação a você, empreendedor, sugiro que faça uma análise de seu negócio, hoje, e veja como você está equilibrando essas diferentes formas de inovar em sua empresa.
E, caso você ainda não tenha empreendido por achar que não tem o conhecimento técnico para tal, vale repensar: você pode usar o seu conhecimento da cadeia para otimizar em processos; uma história de consumo frustrada para inovar em experiência; e depois trazer a tecnologia como um potencializador da sua inovação.
Quem sabe, assim, você não cria o próximo McDonald’s ou a próxima Amazon.