Documentário mostra vale-tudo por educação que virou mercadoria

GUIA DO ESTUDANTE • 25 de março de 2021

Fonte da Notícia: GUIA DO ESTUDANTE
Data da Publicação original: 23/03/2021
Publicado Originalmente em: https://guiadoestudante.abril.com.br/dica-cultural/documentario-mostra-vale-tudo-por-educacao-que-virou-mercadoria/


Como explicar a sensação de estar na frente de uma tela que mostrará o resultado da aprovação na universidade dos seus sonhos? E a explosão de sentimentos ao ler o seu nome na lista de aprovados? É com essa cena clássica de jovens comemorando o ingresso na faculdade que começa o documentário Educação Americana: Fraude e Privilégio – estreia da Netflix.

O momento de entusiasmo logo perde espaço para uma história sombria. Com recriações de transcrições de grampo telefônico divulgadas pelos Estados Unidos, o filme retrata o maior escândalo de compras de vagas nas universidades americanas mais prestigiadas.

De 2011 a 2018, Rick Singer – o orquestrador de toda a operação – recebeu cerca de 25 milhões de dólares de pais ricos para garantir que seus filhos entrassem na universidade escolhida, independente de seus desempenhos. Médicos, grandes empresários, proprietários da NBA e NFL e nomes conhecidos como das atrizes Lori Loughlin e Felicity Huffman se envolveram no esquema de suborno. Não é à toa que o caso gerou tamanha polêmica em fevereiro de 2019, quando a imprensa teve acesso à investigação do FBI batizada de Operação Varsity Blues.

Como é o ingresso nas universidades americanas

O processo de ingresso no Ensino Superior nos EUA é bem mais abrangente do que no Brasil. Lá, além do resultado de provas como o SAT – que corresponde ao nosso Enem -, o candidato ainda é avaliado pelo seu histórico escolar, carta de recomendação, o essay (uma redação para candidatura que o estudante fala sobre aspectos pessoais), atividades extracurriculares e entrevista.

Para melhorar o desenvolvimento dos alunos, famílias com melhores condições financeiras contratam consultores universitários. Rick Singer atuava como um deles e abriu uma grande empresa no ramo. Com expressão séria, vestindo roupas esportivas, ele agia como um treinador só que fora de campo: treinava jovens a entrar na faculdade. Ele participava de toda a application – como é chamado todo o processo de inscrição.

Singer começou com trapaças mais sutis: exagerava e inventava fatos nos formulários de inscrição. Mudava a raça do estudante de branco para latino, por exemplo, para entrar no sistema de cotas. O esquema depois usava o suborno de inspetores de prova para realizarem a avaliação no lugar do aluno, garantindo uma melhor nota no STA ou ACT.

Outra forma de entrar em uma universidade americana é por meio do esporte. Singer, então, criava perfis falsos de atleta para jovens que nunca tinham sequer entrado em uma quadra ou piscina. O alvo eram, principalmente, esportes como menos visibilidade, como a vela. Além de ser mais discreto, eles aproveitavam para subornar essas modalidades que precisavam de mais arrecadações para sobreviver. Assim, técnicos ficavam mais vulneráveis para receber subornos.

Com o documentário é possível conhecer mais o processo de admissão nos Estados Unidos, que difere bastante do que estamos acostumados nos vestibulares brasileiros. Além de saber mais sobre o esquema de fraude, com cenas retratando as negociações feitas entre consultor e os treinadores, pais e inspetores. A produção também revela os bastidores da Operação Varsity Blues.


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