Ensino superior do futuro: permanentemente em obras de des(construção)

LINKEDIN • 28 de dezembro de 2020

Fonte da Notícia: Linkedin

Data da Publicação original: 16/12/2020

Autor: Daniel Pedrino

Publicado Originalmente em: https://www.linkedin.com/pulse/ensino-superior-do-futuro-permanentemente-em-obras-de-daniel-pedrino/

O Biel, meu filho mais velho, tem só cinco anos (e uma longa lista de "artes" em seu currículo, com as quais eu colaboro irresponsavelmente. E adoro).

Bom, mas quando o vejo estudando ou assistindo a uma aula, penso em como ele é diferente do aluno que eu fui - e em vários aspectos. O fato de ter nascido em uma geração muito mais digital o faz ter outras necessidades, outras urgências.

É muito comum para ele, por exemplo, falar com os amiguinhos pelo tablet, jogar por horas a fio, ver a professora no computador. Tudo isso faz parte do seu universo. A formação que ele está recebendo hoje é, sem dúvidas, totalmente outra da que eu tive. A minha, certamente, não é a mesma de uma pessoa que está entrando na faculdade agora, com 17 anos (pareço muuuuito mais jovem, mas eu tenho 37). E por que estou dizendo tudo isso?

Para reforçar a importância da constante renovação no ensino superior. Será que o trabalho que estou fazendo hoje na Faculdade Descomplica , por exemplo, atenderá às necessidades do Biel quando ele chegar nessa fase? E esse novo aluno ou aluna, será que ele/ela vai achar tudo o que oferecemos um saco?

São perguntas que não saem da minha cabeça. E essas dúvidas, nem de longe, estão relacionadas à insegurança. O nome disso é inquietação. E, sinceramente, acho que é isso o que falta para o ensino superior.

Vejo instituições darem as mesmas aulas, com os mesmos recursos, há anos e anos. Poderia funcionar lá atrás, mas hoje as pessoas são diferentes. O mundo mudou - e temos de mudar com ele.

A faculdade do futuro está (ou deveria estar) em obras hoje. Essa (des)construção deve ser constante, à medida em que identificamos pontos de melhorias, acertos e tecnologias capazes de otimizar o ensino.

Há mais de 20 anos, David Wiley , que hoje é diretor acadêmico da Lumen Learning, falou para uma sala cheia de profissionais do setor que as suas instituições seriam irrelevantes em 2020 se não se adaptassem ao novo (o resumo do que ele disse está aqui) .

Olha só que coisa maluca, não é? O cara acertou em cheio o ano em que a tecnologia viabilizou o ensino no mundo inteiro. O Nostradamus da educação (risos). Mas olha só como o pensamento dele é muito atual (e não sei se isso é positivo, pois mostra que pouco evoluímos).

Nesse encontro, ele disse que ensinar não dependia de um espaço físico, formato que muitas instituições nem pensavam em questionar. Isso, para ele, não passava de um monopólio, enquanto outras universidades e empresas, como o Google, disponibilizavam acesso a palestras e cursos online.

Na vida conectada, Wiley reforçou que a educação deve estar disponível sob demanda, dissociada de horários ou ambientes estáticos. Enfim, dentre as várias coisas que ele disse, uma frase em especial me fez escrever este texto: "o ensino superior não reflete a vida que os alunos estão levando".

Lembra do que eu falei do Biel, de mim e dos novos alunos? É isso. Precisamos de metodologias multidisciplinares, práticas, moldáveis. Um curso não é como um monumento, por exemplo, que você ergue e deixa lá, intocável. Devemos mudar para manter o interesse do aluno, tornar as aulas mais acessíveis e dinâmicas, mitigar implicações financeiras que o poderiam fazer desistir.

É um processo constante, difícil, uma longa jornada que exige inquietação. Quando o Biel entrar em uma faculdade, por exemplo, o que mais quero é ver brilho no olho, vontade, curiosidade, conexão.

Que combinação legal, né? Eu super concordo que a educação transforma, mas se a gente puder contribuir para transformá-la também é uma boa. E você, o que está fazendo para que isso aconteça?

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Daniel Pedrino


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